domingo, 23 de agosto de 2009

Os Atiradores de Elite____Cap II


CAPITULO II

OS ATIRADORES DE ELITE

Os atiradores de elite ou “caçadores”, como eram mais conhecidos, temidos e respeitados, famosos pela qualidade de seus atiradores e pelas nobres causas que defendiam. Formavam também a guarda pessoal do Rei. Um dia ostentaram orgulho e respeito, Hoje os que restaram se tornaram mercenários, bêbados e mendigos. Poucos tinham coragem de revelar a sua identidade e seu passado de gloria e honra.
Alguns dizem que o grupo quebrou um de seus preceitos primordiais, defender os mais fracos e lutar pelas causas justas. Tornarem-se mercenários e assassinos, na sua maioria, apoiando a nova ordem que surgia como uma sombra sobre Edhenvar, cada vez mais corrompida e distante da Lendária terra que outrora existiu. Tal situação lançou a ordem no descrédito e desonra de seus integrantes. Apenas alguns poucos permaneceram na sua crença e apoiaram as forças de resistência. Mesmo assim a simples menção do nome “caçador” trazia algum tipo de ansiedade, o respeito pelos remanescentes que ainda existiam porem coberto por medo e receio. Entretanto havia uma esperança, que há muito era profetizada nas conversas dos antigos anciãos. Em uma passagem dos pergaminhos esquecidos, diz:

“... e se levantarão aqueles que um dia foram a glória da justiça divina, acusados de traição e blasfêmias contra a verdade, estes que um dia tiveram seus dias de glória e depois de maldição. Em dia de grande aflição e agonia, se levantarão verdadeiramente em favor daqueles que os clamarem para que se faça valer a justiça, para a restauração da ordem e da verdadeira adoração ao Deus vivo, Jeová... ”

Apesar de todas as críticas e estórias sobre a “Guarda sagrada” e seus soldados de elite, diziam alguns que, conforme estava profetizado nos pergaminhos esquecidos, eles se levantariam e recuperariam a sua honra e respeito, muito esquecido nos tempos áureos da “Guarda Sagrada”. Talvez apenas um membro dessa equipe não acreditasse nas estórias e profecias sobre os atiradores, Baldenor, o atirador, soldado de elite de nível I, exímio atirador e líder nato, entretanto sua única certeza estava fundamentada na certeza de que era necessário se fazer alguma coisa para conter o avanço das hordas sangrentas do infame reinado de Edhenvar.

Baldenor tentava entender o que o impulsionava a lugares tão distantes. Entretanto a resposta era obvia, não conseguia fixar raízes em qualquer lugar que fosse, era algo além de sua vontade, algo inquietava seu coração e continuava sua busca por algo que o conduzisse ao seu verdadeiro destino. Sem saber ao certo qual direção seguir, porem sabia que era necessário continuar até que encontrasse o motivo da sua inquietação, mas algo em sua intuição lhe dizia que em breve encontraria o seu destino. Guerreiro pertencente a extinta “Guarda Sagrada” soldados de total confiança do Rei Constantino II. Vagando de cidadela em cidadela cumprindo missões de mercenário, alguma nobreza ainda residia no coração valente de Baldenor, mesmo recebendo pelos seus préstimos, como exímio atirador e rastreador, entretanto se negava a abraçar causas que não fossem justas, podendo ser até ilegais, mas nunca imorais.

A taverna do corvo vermelho recebe duas figuras enigmáticas que em torno de uma lareira iniciam uma conversa bastante animada e descontraída, conversa de dois bons velhos amigos, que se reúnem para jogar conversa fora e relembrar o passado, tudo regado a muito vinho e risadas.

___ Um mercenário com escrúpulos! Ora vejam só... – Dizia Balen, amigo de longa data de Baldenor.

___ Só você mesmo, Baldenor, poderia ser tão contraditório em suas atitudes, mesmo depois de todos estes anos, ainda não consigo entendê-lo, velho amigo.

___ Algumas coisas na vida não possuem resposta, caro amigo Balen - retruca Baldenon.

___ Como sempre digo, “prefiro as agruras da busca a paz da acomodação!”. Porém sei que logo em breve encontrarei o que preciso, e talvez quem saiba velho Balen, me case e tenha filhos, e fique velho e rabugento como você!

Um sentimento angustiante tomou conta de Balen, pois sentia em seu intimo que no destino do amigo, muitas coisas deveriam ocorrer antes que o velho amigo pudesse pensar em constituir família e cuidar de uma fazenda. E de certa forma, o próprio Baldenor também sabia disto.

__Velho amigo – sussurra Balen com hesitação, fazendo faz menção a perguntar algo a Baldenor, com certo constrangimento, vendo Baldenor sentado, limpando o cano de sua carabina e acondicionando suas esfera de munição, com a tranqüilidade de quem tem a eternidade pela frente.

___ Sim... – Responde Baldenor, com ar de quem já sabe o que será perguntado.

___ Somos amigos há muitos anos, você sabe o quanto o considero e lhe sou grato por ter salvo a mim e a minha família de uma morte cruel nas garras dos Dragões do Norte, porém há algo que nunca entendi por completo - continua Balen, mais à vontade.

____ Diga caro amigo, pois a sua curiosidade não me surpreende em nada – fala Baldenor em tom irônico.

E antes que Balen pudesse continuar com suas indagações, Baldenor se vira para o velho amigo e diz:

___ Pois bem, vou esclarecer algumas coisas que talvez não tenham ficado muito claras. Muitas estórias foram ditas sobre os atiradores e seu declínio, claro que muitos membros da guarda traíram sua fé e se voltaram as práticas ocultas, outros foram mortos por não concordarem com a nova ordem imposta e outros perderam sua fé e fugiram.

____ E você, caro amigo, em qual desses você se enquadra? – Pergunta Balen, com um tom hesitante.

Baldenor respira profundamente como se a resposta lhe causasse algum tipo de dor ou trouxesse lembranças amargas.

_____ O que você acha Balen? – Respondeu calmamente o velho atirador.

____ Estaria aqui se tivesse aceitado a traição as Escrituras?

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